Eficiência Energética

CT 184

 

 

A CT184-Gestão de Energia, criada em 2012, é constituída por 25 membros provenientes de diferentes quadrantes da sociedade civil, sendo secretariada pelo Eng.º José Franca, nomeado pelo ONS (Organismo de Normalização Sectorial) ITG – Instituto Tecnológico do Gás, e presidida pelo perito independente, Engº. Manuel Pestana.

 


Esta comissão técnica traduziu até o início de 2020 7 Normas internacionais ISO da família da Gestão de Energia, incluindo a Norma ISO 50001, e organizou 3 seminários de divulgação da Normalização no âmbito da gestão de energia.

 


A DGEG participa ativamente, desde a primeira hora, nesta CT através da DSSE-Direção de Serviços de Sustentabilidade Energética, a par de um número considerável de peritos independentes e representantes de grandes organizações e empresas em Portugal.

 


A norma ISO 50001: Sistemas de gestão de energia: Requisitos e linhas de orientação para a sua utilização baseia-se no modelo de sistema de gestão ISO, familiar a mais de um milhão de organizações em todo o mundo, que implementaram sistemas de gestão nos referenciais ISO 9001 (gestão da qualidade), ISO 14001 (gestão ambiental), ISO 22000 (segurança alimentar), ISO/IEC 27001 (informações segurança).

 

Em particular, a norma ISO 50001 utiliza o processo PDCA - Plan-Do-Check-Act na melhoria contínua do sistema de gestão de energia. Estas características permitem às organizações integrar a gestão de energia nos esforços globais para melhorar a qualidade, a gestão ambiental e outros desafios endereçados pelos seus sistemas de gestão.

 


Mais especificamente, a norma ISO 50001 fornece um quadro de exigências que permitem às organizações:

 

 

  • Desenvolver uma política para o uso mais eficiente da energia;

 

  • Fixar metas e objetivos para atender à política;

 

  • Usar dados para melhorar a compreensão e a tomada de decisões referentes ao uso e consumo de energia;

 

  • Medir os resultados;

 

  • Analisar a eficácia da política;

 

  • Melhorar continuamente a gestão da energia.

 

 

Neste contexto, é expectável que a evolução da tecnologia subjacente à ‘internet das coisas’ acompa 2ª versão da Norma NP EN ISO 50001, publicada em 2019, incorpora a estrutura HLS (estrutura de alto nível, em inglês), tornando-a mais compatível com as estruturas das Normas dos referenciais ISO 9001 e ISO 14001, esperando-se que, com esta adaptação, haja uma maior procura pelo referencial ISO 50001, por parte das organizações com certificações integradas.

 

Desde a publicação da 1ª versão da Norma ISO 50001, em 2011, o tema das alterações climáticas tem vindo a tornar-se cada vez mais central no debate mediático e na definição de políticas públicas, sendo este um tema cada vez mais transversal a todos os sectores da sociedade. De alguma forma, desde o cidadão comum aos órgãos decisores, há um nível crescente de consciência relativamente ao contributo que podemos, e devemos, dar para reduzir a ‘pegada de carbono’.

 

Se no início da década passada se assistia ao surgimento de uma nova geração de normas ISO dedicadas à gestão da energia, em 2017, encontravam-se já certificados 21 501 sistemas de gestão de energia em 94 países, estimando-se que tenham sido poupados 7 TWh de energia final direta e evitadas as emissões de 4,3 milhões de toneladas de CO2, estimando a UNIDO (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, em inglês) que as organizações certificadas tenham poupado 100 milhões de dólares, não contabilizando eventuais benefícios não relacionados com a componente energética. No que à realidade portuguesa diz respeito, em 2018 encontravam-se certificadas 46 instalações, um aumento de 7% em relação a 2017.

O secretário do CEM (Clean Energy Ministerial, um fórum global intergovernamental com o propósito de acelerar a transição energética), Christian Zinglersen referiu que “a melhoria do desempenho energético é vital na transição para um futuro com baixo carbono“ e poder-se-ia acrescentar que é igualmente vital para a sobrevivência das próprias organizações, não só pelo peso que os custos energéticos têm nas respetivas estruturas de custos, mas sobretudo pelo facto de a utilização eficiente de energia ser um dos fatores de produtividade, a par do capital humano.

 


O diretor do departamento de energia da UNIDO, Tareq Emtairah, estima, com base em diversos ‘case studies’ de empresas certificadas em mais de 15 países, que a implementação de sistemas de gestão na indústria contribua para poupanças energéticas de 3% a 15% nos 2 anos após a implementação do sistema de gestão de energia, com pouco ou nenhum CAPEX, identificando ainda como principal barreira à implementação de medidas de eficiência energética na indústria, a deficiente integração da gestão da energia nas respetivas práticas operacionais diárias.

 

Cada vez mais o consumidor irá assumir uma importância basilar no processo de transição energética ao optar por adquirir produtos/serviços que incorporem/consumam menor quantidade de energia. Neste contexto, as organizações com sistemas de gestão de energia certificados no referencial ISO 50001 terão, não só uma vantagem económica, mas também competitiva.

 

Complementarmente, as autoridades terão um papel importante neste processo de transição energética através da promoção de políticas públicas que acelerem a transição para uma economia que utilize cada vez melhor a energia que produz, recorrendo cada vez menos a fontes de energia de origem fóssil, mas também através de medidas penalizadoras, como a aplicação da taxação dos gases com efeito se estufa, ou com medidas que aumentem a consciência no publico para a alteração de hábitos, como a implementação de rótulos/etiquetas com a informação sobre a intensidade energética de produtos e serviços.