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Assessment of District Heating and Cooling Potential in Portugal
Assessment of District Heating and Cooling Potential in Portugal
DEIR Studies on the Portuguese Energy System 003
Directorate-General for Energy and Geology, Divison of Research and Renewables, Lisbon, Portugal.
First edition: January 7, 2021
Este estudo faz-se uma avaliação do potencial das redes urbanas de calor e frio em Portugal, tirando partido de novas ferramentas SIG que recentemente foram desenvolvidas. Em relação a estudos anteriores, esta nova avaliação aperfeiçoa os seguintes aspectos: dados espaciais mais detalhados do clima e do património construído; exame exaustivo e a maior resolução espacial do território; estimativa mais apurada dos custos de distribuição de calor; consequentemente, melhores análises de viabilidade económica; e identificação de oportunidades para a utilização de fontes de calor de baixo custo, nomeadamente de geotermia e de calor residual industrial.
Dois cenários são considerados, um de “conforto absoluto” em que a temperatura interior dos edifícios é mantida constantemente numa banda de conforto térmico, e um cenário dito “socioeconómico” em que os utilizadores dos edifícios são mais flexíveis face às necessidades de conforto e adoptam estratégias para lidar com os estremos de calor e frio, o que se reputa ser mais aderente à realidade económica e cultural de Portugal.
Uma identificação preliminar de áreas candidatas para aquecimento e arrefecimento urbano foi feita usando mapas de necessidades de aquecimento e arrefecimento, examinando sistematicamente as áreas urbanas de todo o território. Em seguida, a delimitação de áreas candidatas foi refinada estabelecendo limites para a procura mínima de energia a ser satisfeita por uma rede de aquecimento ou arrefecimento urbano. Para o caso do aquecimento, foi realizada uma análise de viabilidade económica, examinando se os custos de distribuição e transmissão da rede de aquecimento urbano para as áreas selecionadas estavam dentro dos limites de viabilidade internacionalmente aceitos.
Com esta abordagem, o potencial para redes urbanas de aquecimento e arrefecimento em Portugal resultou muito baixo ou quase nulo.
Os principais obstáculos à adoção das redes urbanas de aquecimento e arrefecimento são identificados como: uma densidade de construção muito baixa nas zonas interiores com mais extremos climáticos; em contraste, um clima ameno nas zonas costeiras que sustentam as áreas urbanas mais densas. Mas outras barreiras económicas, socioculturais e práticas foram também identificadas. Concluiu-se que, ao contrário da maioria dos restantes países da UE, para Portugal não se espera obter melhorias significativas de eficiência energética através da adopção de soluções de redes de aquecimento e arrefecimento urbano.
No entanto, foram encontradas oportunidades de redes de aquecimento urbano para certas situações específicas em que existem fontes de calor geotérmicas ou de calor residual industrial próximas à zona urbana (Chaves, Amadora, Parque das Nações). Além disso, foi investigado, e parece possível, embora não estritamente economicamente viável por si só, adotar redes de calor e frio em bairros históricos e turísticos, de modo a reduzir o impacto na paisagem urbana de soluções intrusivas de aquecimento e arrefecimento, nomeadamente de dispositivos de ar condicionado.
Ressalta-se que, embora a o melhor conhecimento e práticas internacionais tenha sido aplicado, as tecnologias e seus custos estão em constante melhoria, pelo que não se trata de um estudo definitivo. Além disso, existe a percepção de que, embora as redes de aquecimento e arrefecimento urbano convencionais possam constituir apenas uma solução de nicho em Portugal, redes de pequena escala podem vir a ser uma solução em muitas outras situações – o que se ajusta perfeitamente aos novos conceitos de micro-redes e de comunidades de energia.
Este estudo terá interesse para promotores e investidores, e para o planeamento energético a nível municipal; mas também foi concebido como contributo para as obrigações nacionais de reporte relativas ao Artigo 14(1) da Directiva 2012/27/EU, conhecida como EED.